A dependência é retratada pela frieza dos números: 75% da produção e distribuição de insumos no país é transportada pela malha rodoviária. O segundo colocado neste ranking, o transporte marítimo, aparece com tímidos 9,2%. Não à toa os caminhoneiros conseguiram, em um curto período de dez dias, parar o país e provocar um estrago na nossa economia: o Produto Interno Bruto de 2018, que chegou a ter crescimento projetado de 3%, teve que se contentar com um mísero aumento de 1,1%.
“Por que, então, não optar e investir em outros tipos de modais?” A questão é compreensível, merece o debate, mas, por ora, devemos nos render à realidade. O transporte rodoviário ainda é o que abrange a maior área de cobertura e que também o que possibilita percorrer distâncias menores com mais facilidade. A ordem, então, é aperfeiçoar este tipo de modal. As empresas precisam manter o investimento em uma frota moderna e prezar pela manutenção dos caminhões. Já a gestão pública pode e deve cuidar com mais carinho das castigadas estradas do país. O Brasil tem mais de 1,7 milhão de quilômetros de rodovias – a maior parte construída há mais de 50 anos e sem receber a manutenção adequada. E o pior: Só 211 mil quilômetros são pavimentados – 12,3% do total. Apontamos o problema, mas trazemos as saídas. Abaixo, uma tríade de soluções que ajudam no aprimoramento do modal rodoviário.
Conservar é preciso
O dado da Confederação Nacional de Transportes (CNT) é alarmante: mais da metade das estradas pavimentadas no Brasil convive, diariamente, com buracos, erosões, fissuras e trincas. Ocupamos a vergonhosa 111ª posição no Ranking de Qualidades de Rodovias do Fórum Econômico Global.
A fiscalização pura e simples já ajudaria bastante a melhorar o cenário. Dados da própria CNT apontam que muitas obras são entregues sem os padrões mínimos de qualidade – o que pode gerar um custo adicional que corresponde a mais de 20% do valor total da construção. E tem mais: 30% das estradas federais não tem contrato de manutenção. Cobrar e fiscalizar o prestador de serviço já é meio caminho andado.
Controle de informações
A boa gestão na administração do modal rodoviário requer planejamento e controle de tudo o que acontece nas estradas – desde acidentes até a qualidade do asfalto. O uso da tecnologia é fundamental, imprescindível. Com os sistemas automatizados, o gestor consegue ter um panorama real das condições das rodovias: é preciso construir uma nova pista? Melhorar a sinalização? Autuar, com mais rigor, os motoristas?
O planejamento, por meio de um estudo bem feito, ajuda a alocar recursos para o que, realmente, é necessário e evitar que o dinheiro caia pelo ralo.
Captação de recursos
É claro que a crise econômica do país reduz a capacidade de investimento, mas não podemos tapar o sol com a peneira. O Brasil, historicamente, emprega pouco dinheiro na infraestrutura rodoviária. E a situação piorou nos últimos anos: em 2010, investíamos 0,26% do PIB para intervenções no transporte. Em 2016, o número caiu para 0,14%. Uma saída seria assegurar fontes de recursos específicas para o transporte, além de buscar mais investimento externo e do setor privado. Hoje, a conta não fecha. O Brasil precisaria de quase R$ 300 bilhões para a recuperação total das rodovias. É 13 vezes mais do que o orçamento anual da pasta de Infraestrutura.