No centro do empreendimento que ligará o Brasil ao Oceano Pacífico, Estado será protagonista na obra transcontinental
Um antigo e ambicioso sonho de Mato Grosso do Sul e também do governo brasileiro, está se tornando realidade na região de Porto Murtinho, município distante 437 quilômetros de Campo Grande. Com investimentos superiores a R$ 466 milhões, a Rota Bioceânica, também chamada Corredor rodoviário bioceânico, saiu da especulação e hoje as obras avançam na construção da ponte internacional sobre o Rio Paraguai, que ligará Porto Murtinho a Carmelo Peralta, no Paraguai. Entre os empreendimentos, o mais adiantado é da Docas Fluvial de Murtinho, já autorizado pela Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários). O novo corredor deverá conectar o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico, ligando Brasil, Paraguai, Argentina e Chile.
Durante o ano, vários fóruns foram promovidos, tanto no Brasil, como nos países vizinhos, para debater o andamento do projeto continental. Em maio, Campo Grande recebeu o 1º Fórum Integração dos Municípios do Corredor Bioceânico, quando foi firmada a troca de informações sobre produção, resultados de estudos técnicos, cooperações em projetos, planos de execução e seguimento, além de estudos para utilização do turismo ferroviário, contatos comerciais e financiamentos multilaterais.
Em junho, uma missão empresarial sul-mato-grossense esteve em Jujuy, na Argentina, para conhecer e discutir a ampliação da logística ferroviária da Rota Bioceânica, que deve ser mais uma opção para o escoamento da produção brasileira em direção ao Pacífico. Presente na comitiva, o secretário de desenvolvimento de Corumbá, Cássio Augusto Marques, apontou que a rota ferroviária é a alternativa mais viável para desenvolver e fortalecer as negociações entre países. “A infraestrutura da ferrovia está toda instalada, alguns trechos têm problemas, mas a maioria está em funcionamento. Pretendemos demonstrar que essa é uma alternativa muito viável para nossa logística e tornará nossos produtos mais competitivos. O custo operacional e as facilidades com toda malha ferroviária em operação é uma grande estratégia”, destacou na época o secretário corumbaense.
Já em novembro, prefeitos do Mato Grosso do Sul estiveram no Chile onde participaram do Fórum Internacional do Corredor Bioceânico. Em reportagem de Juliana Fernandes para o Capital News, o prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra, lembrou do movimento iniciado há mais de 25 anos pela implantação de um corredor rodoviário que unisse os portos do Atlântico e do Pacífico. Cintra destacou que hoje o corredor é uma realidade e que se deve muito ao governo do Paraguai, que está investindo na pavimentação de 531 quilômetros da Ruta 15, entre as fronteiras com o Brasil e a Argentina, e assumiu a construção da ponte sobre o Rio Paraguai, entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta.
Porto Murtinho será o principal beneficiado pela abertura da Rota Bioceânica e por conta disso, também receberá os maiores investimentos, sejam estatais, vindos do Governo Federal, Estadual e da própria prefeitura local, que já mantém tratativas com as esferas superiores a respeito de recursos. É lá também que estarão novos portos para exportação e importação via Rio Paraguai, ampliando ainda mais a oferta de trabalho.
Para além, serão necessários investimentos na malha rodoviária dos municípios que compõem toda a região circunvizinha de Porto Murtinho, na intenção de facilitar o acesso ao corredor entre países.
Mato Grosso do Sul se tornará o destino de boa parte do escoamento da produção graneleira e agroindustrial que hoje sai do Brasil por Paranaguá (PR) e Santos (SP).
Em dezembro, durante reunião com o ministro das Relações Exteriores, João Carlos Parkinson, o governador eleito de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel falou sobre o destaque do Estado no empreendimento. “A Rota Bioceânica nos deixa muito otimistas em relação ao futuro de Mato Grosso do Sul. Nós estamos no coração da América do Sul, conectando diferentes regiões por meio de hidrovias, ferrovias e estradas. Só temos a ganhar com essa nova rota de integração, em muitos aspectos e nas mais diferentes áreas, desde geração de emprego e renda, turismo, cultura, infraestrutura, dentre outras.”, enfatizou Riedel.
Hoje, MS negocia grãos, carnes, papel e minérios, além de seus derivados industrializados com China, Japão, países da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático) – Indonésia, Malásia, Filipinas, Cingapura, Tailândia, Brunei, Vietnã, Mianmar, Laos e Camboja e a nova rota deve reduzir o tempo e o custo do escoamento para essas nações, além ampliar o intercâmbio comercial e cultural entre Brasil, Argentina, Paraguai e Chile.
Fonte: Capital News