Um grupo do Ministério da Terra, Infraestrutura, Transporte e Turismo do Japão está em Belém desde segunda-feira, 4, visitando obras relativas ao BRT em Belém e Região Metropolitana. Eles vieram conhecer o sistema que irá modificar completamente a forma de deslocamento por transporte público na capital e cidades vizinhas.
A visita ao BRT Belém começou pela manhã, quando o grupo conheceu as instalações dos terminais Mangueirão e Tapanã. A eles o corpo técnico da Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb) prestou esclarecimento sobre questões estruturais dos dois pontos, enquanto que a equipe da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (SeMOB) deu detalhes sobre o funcionamento operacional atual do Sistema BRT, que funciona de forma preliminar com integrações apenas físicas dentro das estações e terminais, conectando os usuários a ônibus expressos e outros BRTs. À tarde, o grupo do ministério japonês se reuniu novamente com o corpo técnico da Prefeitura de Belém, dessa vez na sede do Núcleo de Gerenciamento do Transporte Metropolitano (NGTM), onde recebeu informações mais detalhadas sobre obra e sistema, e, em duas horas de encontro, pôde ainda tirar todas as dúvidas.
Quanto à operação do sistema, foram explanadas questões relacionadas ao atual funcionamento, gestão, e como ficará o novo formato após a licitação do transporte público por ônibus em Belém, previsto para ocorrer este ano. “A licitação divide o sistema de transporte em dois grandes lotes, sendo que o BRT está em apenas um desses lotes e a mesma empresa não pode concorrer nos dois lotes”, explicou Gilberto Barbosa, superintende em exercício da SeMOB. “Vamos licitar inicialmente o sistema como ele está hoje, e no contrato vai a previsão da transição controlada por dois anos para a implantação plena do novo sistema, com todas as fusões, extinção de linhas, etc. A licitação também prevê a tarifa integrada em até seis meses”, disse o superintendente em exercício.
A Secretaria de Urbanismo apresentou à equipe do Ministério da Terra, Infraestrutura, Transporte e Turismo do Japão detalhes do projeto do BRT, sua execução e avanços da obra, complementando a visita técnica feita pelo grupo aos Terminais do Mangueirão e do Tapanã, durante a manhã. “O município optou pelo BRT por ser um projeto de mobilidade mais barato e por atender às características da nossa região, cujo solo não tem suporte e encarece obras subterrâneas. Outro ponto é que Belém tem corredores de mangueiras que são tombados pelo patrimônio histórico e por isso devem ser preservados”, explicou Eduardo Mello, engenheiro da Seurb responsável pela fiscalização do BRT.
Além do projeto, também foi mostrado à comitiva do governo japonês, que visitou pela primeira vez Belém, os benefícios das obras para a população, sobretudo das áreas do entorno, que conviverá com um sistema de mobilidade eficiente e integrado. “É importante destacar que o BRT é um projeto amplo que, além das pistas e terminais, proporcionou valorização da área e dos imóveis, aumentou o comércio e trouxe qualidade de vida para a população. À medida que a obra avança, vamos deixando calçadas, iluminação pública, drenagem, asfalto e outros benefícios. Hoje temos pessoas que usam as calçadas e as áreas iluminadas para as práticas de exercícios, passeios em família. É uma nova realidade sendo construída na nossa capital”, destacou a titular da Seurb, Anette Klautau.
Ao final do encontro, Kenya Nakanishi, chefe de Divisão de Instalações de Equipamentos Urbanos do Ministério, disse que retorna para casa com uma impressão do BRT Belém acima do esperado. “No Japão, o BRT de Curitiba é muito divulgado, mas o de Belém quase ninguém que trabalha nessa área conhece. Como eu ouvi dizer que existia, pedi aos meus superiores que nos permitissem conhecer a realidade aqui e a visita foi muito esclarecedora e rica. Pelo que nós vimos, tenho certeza que a terceira fase de implantação do BRT terá um andamento tão satisfatório quanto tiveram com a primeira e a segunda fases”, disse Nakanishi, referindo-se quanto às fases Entroncamento-Mangueirão (primeira fase), Mangueirão-Tapanã (segunda fase) e Tapanã-Maracacuera (terceira fase)”.
Ele também disse que o modelo de Belém servirá de exemplo a inspirar outros modelos no Japão. “Como muitos sabem, no Japão está havendo um declínio demográfico e as pessoas estão criando cidades mais compactas, e muito centradas na utilização de ônibus. Tudo o que nós obtivemos de informação em Belém hoje será de muita utilidade no Japão também, e todo o aprendizado que tivemos aqui vamos divulgar às pessoas envolvidas lá no Japão”, completou. “Para nós, foi uma grata surpresa sermos informados por eles que os estudos que apresentamos contribuirão para novos projetos a serem implantados no Japão”, destacou Eduardo Mello, da Seurb.
Na semana passada, membros da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), que é a financiadora do Ação Metrópole, do Governo do Estado, também visitaram as obras do BRT. O trabalho desenvolvido pela Prefeitura de Belém foi reconhecido e elogiado pelos profissionais. Foi a terceira visita técnica realizada pelo grupo ao BRT de Belém.
*Com colaboração de Paula Babosa/Ascom Seurb
Fonte e imagem: Agência Belém