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Professor da USP cria asfalto com durabilidade de 60 anos

Iniciativa não fez sucesso entre os conselhos de apoio à pesquisa e recebeu dinheiro de empresas privadas interessadas no projeto

O professor Doutor chefe do departamento de Engenharia e Transportes da Universidade de São Paulo (USP), José Tadeu Balbo, desenvolveu uma nova técnica em pavimentação asfáltica com durabilidade de 60 anos. O elemento diferencial usado na construção é o aço, com o objetivo de controlar a fissuração do concreto, que são aquelas pequenas frestas que se expandem com o tempo e formam os grandes buracos, principalmente em período chuvoso. A ideia não ganhou adesão para ser testada em locais públicos de grande movimentação e ficou restrita ao teste na área interna da própria universidade. O projeto está em teste em um trecho de 200 metros no próprio campus da USP.

“O concreto fissura, de um jeito ou de outro. Com o aço, essas rachaduras não abrem, elas ficam bem apertadas e próximas”, diz o pesquisador para explicar o porquê o asfalto dura mais tempo com essa técnica. A manutenção, depois dos 60 anos, é 80% mais barata que a manutenção do asfalto comum.

O aço tem a função de evitar as quebras das chamadas juntas construtivas, que ficam no meio do asfalto, e geram aqueles “degraus” na pista quando estão desgastados. Com o uso do aço, essas juntas são descartadas.

Geralmente, as juntas acomodam as contrações volumétricas do concreto, que se expande ou contrai conforme com a temperatura. As juntas servem para que as fissuras aconteçam num único local, mas se mal feitas, causam estragos na estrutura da obra.

“Nos corredores de ônibus, os pavimentos são de concreto e na maioria dos casos eles têm juntas. Do ponto de vista da construção, elas formam o aspecto mais difícil de se fazer, e podem acabar funcionando muito mal”, esclarece o docente, que reforça a importância de conscientizar engenheiros e operários sobre os problemas causados pelas juntas.

O aço já é usado na construção e manutenção de vias urbanas e rodovias em países desenvolvidos, como Estados Unidos, Europa e parte da Ásia. A pavimentação utilizada nesses países dura, em média, 60 anos. No Brasil, a massa asfáltica utilizada na pavimentação chega ao limite de uso em cinco anos.

O problema se repete há 130 anos no mundo todo, mas há cerca de 90 anos, engenheiros norte-americanos criaram um pavimento de concreto que não precisa das juntas, implementado nos Estados Unidos em 1921. Atualmente, o país tem 48 mil quilômetros de rodovias construídos com essa técnica.

Além dos norte-americanos, a Bélgica, Alemanha e Holanda já utilizam métodos alternativos para as juntas, incluindo o testado no Brasil. A diferença está no clima: os materiais usados no exterior são adaptados para o frio, enquanto o testado no Brasil precisa se adaptar ao constante calor e chuvas. O pavimento baseado em aço também pode ser usado em ferrovias de alta velocidade, como utilizado na Alemanha há muitos anos.

“Temos que aprender como o processo funciona no nosso clima quente, com chuvas intensas, entender o processo de fissuração em diferentes tipos de concreto e aço”, avaliou Balbo. O objetivo do teste dentro da universidade é entender como funcionam as fissuras no Brasil.

O professor explica que o custo dessa técnica chega a ser 60% mais cara, comparada ao pavimento asfáltico comum. Porém justificável por durar mais que o dobro do tempo sem manutenção. O custo mais elevado vem do aço, principalmente material utilizado. “É o melhor pavimento do mundo, o mais durável”, enfatiza Balbo.

Segundo o professor José Tadeu, após a pesquisa da USP, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) está avaliando a possibilidade de iniciar a implantação do pavimento de concretos continuamente armados em postos de pesagem e praças de pedágio nas rodovias federais brasileiras.

Alto custo

O projeto do professor não recebeu apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do governo federal, nem da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), embora os pesquisadores tenham tentado. O apoio veio de empresas privadas interessadas na iniciativa, que injetaram R$ 500 mil.

O estudo precisa de, pelo menos, uns 10 anos para ser concluído, e como se iniciou em 2010, deve render frutos a partir do ano que vem. O desempenho definitivo da pavimentação, no entanto, pode ser visualizado em 20 anos. “Temos que tentar novas alternativas. Essas construções são caras, precisamos fazer coisas que durem muito tempo. Quanto maior a durabilidade, menos manutenção e menos”, conclui o pesquisador.

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Fonte: Jornal Opção

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