Em cinco anos, pesquisadores avaliam que material poderá ganhar as rodovias de alto tráfego. Por enquanto, é testado em vias urbanas
País que mais usa pavimento em concreto, os Estados Unidos passaram a atuar em um novo ciclo: o concreto permeável. As pesquisas contam com o apoio da ACI (American Concrete Institute) e da ASTM (American Society for Testing and Materials). Em Omaha, no estado de Nebraska, foi pavimentado um pequeno trecho urbano com essas características. Os testes mostraram que para preservar a resistência, os vazios do pavimento permeável devem variar entre 15% e 30%, no máximo. Abaixo do valor mínimo, a laje perde a capacidade de drenagem; acima do valor máximo, drenará rapidamente, mas perderá as propriedades essenciais para a durabilidade do concreto.
Outra exigência para esse tipo de concreto é a uniformidade dos agregados. “A pesquisa mostrou que, com a proporção adequada, o pavimento permeável alcança durabilidade comparável com o concreto convencional e seus vazios filtram adequadamente as águas pluviais”, diz o pesquisador John Kevern, que é professor-associado da UMKC (University of Missouri-Kansas City). O engenheiro civil com especialidade em durabilidade e resistência do concreto apresentou os resultados do pavimento permeável no Fórum de Tecnologia de Concreto NRMCA (National Ready Mixed Concrete Association [Associação Nacional de Concreto pré-misturado ou dosado em central]).
No trecho urbano em teste foram despejados 17 mil m3 de concreto permeável. Transportado por caminhões-betoneiras, o material alcançou espessura de 15,5 centímetros. Depois de 28 dias, os vazios atingiram 26% de permeabilidade. Após a cura, foram retirados 21 corpos de prova do pavimento para testar a uniformidade da permeabilidade. A diferença variou menos de 5% de um ponto a outro, nunca superando os 26% no ponto mais permeável e 21,7% no ponto menos permeável. Para os padrões da ACI, essa variação entre os vazios é considerada dentro dos padrões.
A precisão da permeabilidade é importante para que ocorra uma drenagem uniforme ao longo de toda a pista. Nos Estados Unidos, esse tipo de pavimento tem sido aperfeiçoado e testado intensamente para que possa ser levado para as rodovias com tráfego intenso de veículos pesados, sem oferecer nenhum risco de degradação ao longo do tempo. A meta é criar estradas que possam drenar a neve mais rapidamente, sem o uso de sal. Verificou-se que o cloreto de sódio (NaCl), usado nas rodovias com pavimento rígido para acelerar o derretimento da neve, tem comprometido a durabilidade do concreto e causado patologias.
Confiabilidade x Mercado
John Kevern ressalta que atingir a confiabilidade do pavimento permeável é fundamental para que possa ganhar novos mercados. “Quem está produzindo o concreto para o pavimento e quem está construindo a pista está extremamente preocupado com a qualidade. Por isso, os corpos de prova são retirados em vários pontos das estradas-teste, a fim de que possamos dizer que existe um produto confiável a oferecer”, ressalta. Outra premissa é o compartilhamento de dados. “Com isso, reduzimos as imprevisibilidades, pois cada experimento testado agrega mais informações”, completa. A expectativa é de que em cinco anos as rodovias de alto tráfego possam receber pavimento permeável nos Estados Unidos.
Entrevistado
John Kevern, Ph.D em engenharia civil, professor-associado da UMKC (University of Missouri-Kansas City) e especialista em durabilidade e resistência do concreto (com base em artigo publicado pela Nebraska Concrete and Aggregates Association)
Fonte: Cimentos Itambé