A obra que transformou a paisagem na entrada de Porto Alegre e que irá impactar profundamente o modo com que os gaúchos saem e chegam da Capital será concluída em 2020. Depois de quatros anos e meio de trabalhos, os gaúchos poderão trafegar sobre a nova ponte do Guaíba. A previsão do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) é de que a estrutura principal seja concluída entre abril e maio.
Com a conclusão das obras e a liberação das pistas, duas em cada sentido, espera-se que a conexão entre a Região Metropolitana e o Sul gaúcho se dê de forma mais célere, reduzindo os tempos de viagem e os custos de transporte. Com investimento de R$ 786 milhões, a ponte terá 12,3 quilômetros de extensão, contando acessos e elevadas. Serão pouco mais de cinco quilômetros de trecho em aterro e 7,3 quilômetros nas demais intervenções.
A nova ponte é, atualmente, a principal obra de infraestrutura viária tocada pelo Dnit no País. A autarquia prevê que 50 mil veículos trafeguem diariamente sobre a via. Com a estrutura concluída e entregue, quem se desloca em direção ao Sul pela BR-290 ou por meio da BR-448 terá caminho livre, assim como quem faz o caminho inverso, em direção à Região Metropolitana. Por ser 28 metros mais alta do que a velha ponte sobre o lago, não necessitará de um vão móvel como o que há na estrutura construída na década de 1940. Assim, embarcações passarão por baixo sem que o trânsito tenha de ser interrompido.
“O Dnit elencou algumas obras como prioritárias para serem concluídas, e a ponte do Guaíba é uma delas. Por isso, não faltarão recursos para a conclusão”, afirma o superintendente do departamento no Rio Grande do Sul, Delmar Pellegrini Filho.
A verba para a execução dos trabalhos é liberada anualmente. Para 2020, existe previsão na Lei Orçamentária Anual de R$ 80 milhões para os serviços. Em 2019, foram aplicados R$ 79 milhões.
No total, o montante de recursos envolvidos na obra ultrapassará R$ 1 bilhão. Além dos R$ 786 milhões da ponte, outros R$ 30 milhões serão destinados para serviços de supervisão e ações envolvendo o meio ambiente. Já os reassentamentos das famílias afetadas irão custar R$ 200 milhões.
Quem passa próximo à obra percebe o gigantismo da construção, na qual trabalham, atualmente, cerca de 700 operários. Os 254 pilares vão sustentar uma estrutura que, em seu ponto mais elevado, terá 40 metros de altura, contados da superfície do lago até a parte de baixo da ponte – se forem levadas em conta as partes mais altas acima da pista, o número chega a 53 metros. Ao todo, serão usadas 357 mil toneladas de concreto, além de 25,5 mil toneladas de aço ou ferro. As peças pré-moldadas são fabricadas pelo próprio consórcio Ponte do Guaíba, em canteiros industriais localizados em Canoas. A expectativa do Dnit é que os trabalhos fechem 2019 com 90% de conclusão.
Para a execução da obra, 1.376 famílias foram afetadas. Até o começo de outubro, 344 já haviam se mudado para novas casas via programa de reassentamento. Além disso, outras 167 tinham formalizado acordos e estavam com o processo de aquisição dos seus imóveis em andamento. “Priorizamos a Ilha Grande dos Marinheiros, pois era um volume grande de pessoas a serem removidas, em torno de 500 famílias, as quais já resolvemos judicialmente a situação. Priorizamos, pois, resolvendo isso, podemos liberar o trânsito na linha geral da ponte. Das 500, ainda faltam sair 70, que não interferem na obra, pois estão fora da linha de trabalho. Nas vilas Tio Zeca e Areia são outras 700 famílias, que já estão cadastradas, e vamos começar agora os processos de reassentamento”, diz o superintendente do Dnit.
A conclusão total do empreendimento, com os acessos devidamente prontos, deve se dar em 2021. Inicialmente, a ponte ficará sobre gestão do Dnit, mas, “muito provavelmente”, deverá entrar em uma nova concessão. “O Ministério dos Transportes está estudando uma concessão da BR-116, de Camaquã a Porto Alegre, e da BR-290 até Pântano Grande. Se ocorrer, provavelmente, a nova ponte irá fazer parte”, conclui Pellegrini.
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Fonte: Jornal do Comércio