O governador João Doria (PSDB) deu sinal verde para tirar do papel a construção de uma ponte entre Santos e Guarujá. Em estudo desde junho, o futuro acesso entre as margens esquerda e direita do cais santista depende de licenças ambientais e definição do maior prazo de exploração do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) pela concessionária Ecovias, que construirá a ligação. O Governo Estadual espera que as obras comecem no próximo semestre.
O prazo foi informado pelo secretário estadual de Logística e Transportes, João Octaviano Machado Neto, em visita à diretoria do Grupo Tribuna, na manhã de ontem. “Este é um projeto da maior importância, pois dá outra dimensão nas questões de mobilidade. Todas as forças estão a favor de a gente iniciar o mais rápido possível a obra da ponte, que é fundamental”, disse. Segundo ele, os trabalhos deverão durar 36 meses, contados do início.
O traçado é o mesmo que constava nos estudos iniciados pelo ex-governador Márcio França (PSB). Tanto o projeto quanto as obras caberão à Ecovias, em troca da extensão do contrato que mantém como Estado.
A ponte terá cerca de 7,5 quilômetros, com início na entrada de Santos e término próximo ao acesso viário à Ilha Barnabé, a cerca de 500 metros da praça de pedágio de Guarujá.
O projeto é parecido com o apresentado pela Ecovias em 2009. Aquele empreendimento previa uma ponte de 4.580 metros, saindo da margem direita da Via Anchieta, passando pelo cais do Saboó (em Santos) e chegando à Rodovia Cônego Domenico Rangoni, pela Ilha Barnabé. Valores não foram citados.
O projeto executivo foi finalizado no final do ano passado e está sob análise da Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp).
Nova Tentativa
Trata-se da terceira tentativa de estabelecer acesso direto entre as ilhas de Santo Amaro (Guarujá) e São Vicente (Santos) apresentada pelo Estado. Projetos de um túnel submerso no estuário e uma ponte no Ferry Boat foram expostos em anos anteriores.
João Octaviano avalia que “estamos próximos da licença (ambiental para a ponte).Há uma expectativa que, em mais alguns meses, todas as análises sejam concluídas”. Faltará, apenas, definir a forma de contrapartida econômica do empreendimento. “Entraremos na fase final, com a Artesp, para fazer a liberação e a ampliação do contrato de concessão, que é prevista em lei.”
O secretário afirma que o projeto se enquadra nas regras de ampliação do prazo de exploração por “ser um dispositivo rodoviário e estar dentro de uma área de concessão”.
Segundo o secretário, o tempo para transportar cargas entre as margens do cais vai cair. Para um caminhoneiro chegar ao que será o trecho final da ponte, tem de percorrer cerca de 30 quilômetros – 4,2 vezes mais do que sem a planejada ligação. “O que hoje é feito em 1h30 cairá para 40 minutos.”
Túnel: Debate retomado
Dois anos após o engavetamento do projeto, a Secretaria Estadual de Logística e Transportes retomou os debates para a construção do túnel submerso entre Santos e Guarujá. Ainda em fase embrionária, o plano consiste em atrelar a entrega do equipamento a projetos estruturais para a região. O entrave é como encaixá-lo em obras viáveis economicamente. “A visão é que o túnel só vai fazer sentido se introduzido em um pacote maior. Sozinho, terá dificuldade para se viabilizar”, diz o secretário João Machado. Por ser um projeto de mobilidade urbana, afirma, não “entra nos planos de concessão rodoviária”. Com custo estimado, por ora, em R$ 2,8 bilhões, não seria atrativo se o retorno financeiro viesse apenas de tarifa de pedágio.
“É preciso estudar quais são os projetos disponíveis para introduzir o túnel como uma contrapartida (da empreiteira para o Estado)”. O estudo do túnel ligando os dois municípios foi lançado em 2013. Ele teria 900 metros e ligaria Outeirinhos, na região central de Santos, a Vicente de Carvalho, em Guarujá. Começaria em março de 2015, mas a ideia foi suspensa dois anos depois.
Fonte e imagem: A Tribuna