Projeções de economistas da FGV/IBRE, a pedido do SindusCon-SP, estimam que PIB do setor saia da retração e atinja 2% no próximo ano
Após três anos de queda ininterrupta do PIB da construção civil, o setor parece retomar a confiança para 2018. A expectativa é de que o crescimento seja lento e gradual ao longo de todo o próximo ano, colocando fim aos números negativos registrados em 2015, 2016 e 2017. Segundo projeções apresentadas pela coordenadora de projetos da construção da FGV/IBRE, Ana Maria Castelo, por encomenda do SindusCon-SP, existe a possibilidade de, em 2018, o PIB da construção voltar a ser positivo, fechando o ano em 2%. O número, no entanto, não recupera as perdas dos anos anteriores.
Em 2017, o PIB do setor deve encerrar o ano com queda de 6,4%. Juntando-se aos números negativos de 2015 e 2016, a retração será de 20% em três anos. Segundo Ana Maria Castelo, o PIB da construção é o que mais impacta no PIB do país. Ela lembra que, ao final de 2016, as projeções indicavam que o setor retomaria o crescimento em 2017, crescendo 0,5% – o que não se confirmou. “Se a previsão tivesse se concretizado, o PIB nacional teria o potencial de crescer 1,2% em 2017, ou seja, o setor segurou o PIB do país”, afirma a economista, garantindo que os dados usados para projetar 2018 são mais realistas.
Uma das razões que estimulam a retomada de crescimento a partir do próximo ano está no fato de 2018 ser um período eleitoral. Ana Maria Castelo entende que o atual governo vai querer ter influência nas decisões dos eleitores, e que seu cartão de visitas será a retomada do crescimento econômico em setores importantes, como a construção civil. Por isso, investimentos públicos em infraestrutura e a liberação de recursos para o programa Minha Casa Minha Vida tendem a ser ferramentas importantes para que o governo federal consiga, sobretudo, gerar empregos.
O que impactou 2017
Em sua exposição sobre as perspectivas para 2018, a economista do FGV/IBRE lembra que, mesmo que a construção civil resgate a capacidade de absorver mão de obra em 2018, não será suficiente para que as taxas de desemprego cedam drasticamente. “Ainda deveremos ver um saldo negativo no acumulado do próximo ano, mas que deve sair da taxa de dois dígitos”, diz. Atualmente, o índice de desemprego encontra-se na faixa de 12,2%, o que equivale a 12,7 milhões de pessoas fora do mercado formal de trabalho – dos quais, 2,5 milhões estão vinculadas à construção civil.
Quanto às projeções para 2017, e que não se concretizaram, o estudo do FGV/IBRE cita que os principais pontos que impactaram o setor foram os seguintes: excesso de oferta no mercado imobiliário, que não conseguiu desovar seus estoques e solucionar distratos; as contratações do Minha Casa Minha Vida, que ficaram aquém da meta; os efeitos da operação Lava Jato, que comprometeram o desempenho das empresas; a crise fiscal, o desemprego elevado e a restrição ao crédito. “São fatores que não irão se recuperar todos ao mesmo tempo, mas que vão se ajustar com o tempo. Por isso, a nossa crença em um crescimento lento e gradual a partir de 2018”, conclui Eduardo Zaidan, vice-presidente de economia do SindusCon-SP.
Entrevistados
Economistas Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção da FGV/IBRE, e Eduardo Zaidan, vice-presidente de economia do SindusCon-SP (com base em palestras concedidas na Reunião de Conjuntura do SindusCon-SP, que ocorreu em 30 de novembro de 2017).
Fonte: Cimento Itabé
Crédito Imagem: Leong Sze Hian, The Independent