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Confira o editorial desta terça-feira: “A importância da ferrovia”

Se a ferrovia de MS estivesse no foco da Rumo, certamente não estaria no estado em que se encontra, porque o devido trabalho de manutenção não levaria à necessidade de investimento bilionário.

A relação da população de Mato Grosso do Sul com os trilhos da antiga ferrovia Noroeste do Brasil – atualmente sob concessão da Rumo, com o nome de Malha Oeste – é de muita gratidão. Este sentimento é ainda mais forte nas cidades que são atravessadas pela estrada de ferro de mais de mil quilômetros, que cruza o Estado de leste a oeste, do Rio Paraná ao Rio Paraguai.

Foi a ligação de dois extremos que fez destes trilhos o caminho principal para que cidades como Três Lagoas, Campo Grande, Aquidauana e Corumbá, entre outras ao longo do traçado da ferrovia, adquirissem o status que têm hoje. A estrada de ferro teve papel importantíssimo no escoamento da produção do Estado, num período em que a quilometragem de rodovias asfaltadas era muito pequena. Até o início da década de 1980, eram muitos os municípios sul-mato-grossenses aonde o asfalto não chegava. O trem era o melhor acesso, tanto para passageiros como para o transporte de cargas.

Uma viagem de caminhão pelo interior do Estado, há pouco mais de trinta anos, era algo extremamente demorado. O trem levava vantagem no transporte e, por isso, foi fundamental para o desenvolvimento das cidades por onde ele passava.

Da década de 1990 para cá, após a concessão da ferrovia à iniciativa privada, o que a população de Mato Grosso do Sul presenciou foi um verdadeiro sucateamento da via e também da infraestrutura ao longo dela, como o material rodante (locomotivas e vagões) e estações. Foi assim, sem investimento, sem atenção alguma das autoridades, com quase nenhuma cobrança do poder concedente, o governo federal, que a estrada de ferro foi desativada em 2015.

No sábado (24), o Correio do Estado noticiou, em primeira mão, que os trilhos voltarão a receber comboios a partir do mês que vem. Há um contrato para transportar por via férrea 300 mil toneladas de ureia boliviana entre Corumbá e Bauru. A demanda no curto prazo é cinco vezes maior que este volume e só não pode ser atendida porque não há a estrutura necessária na ferrovia.

A Rumo, concessionária da Malha Oeste, alega não fazer sentido investir uma quantia bilionária no trecho sul-mato-grossense sem uma renovação antecipada da concessão por mais trinta anos. É preciso, porém, enfatizar que ainda restam sete anos de concessão. Uma outra ressalva a ser feita é sobre a atenção da concessionária ao trecho. Se ela realmente estivesse no foco da empresa, certamente a ferrovia não estaria no estado em que se encontra, porque o devido trabalho de manutenção não tornaria necessário o investimento de mais de R$ 1 bilhão para deixar a via em boas condições de uso.

A notícia a se comemorar é que a demanda da ferrovia – que acreditamos sempre ter existido – está de volta. Os comboios com ureia vão circular lentamente, mas vão circular. Desde o ano passado, na greve dos caminhoneiros, que o transporte ferroviário voltou a ser valorizado (pelo menos nos artigos, mas não muito no orçamento). Esperamos investimentos e vontade pública para que as ferrovias voltem a ser um importante meio de transporte para Mato Grosso do Sul e para o Brasil.

Fonte: Correio do Estado

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