Velocidade e economia são vantagens da solução no revestimento primário e definitivo, mas é preciso atentar para o traço e preparo do concreto. Saiba quais os cuidados para especificar e fiscalizar a aplicação da tecnologia
O professor Roberto Kochen lembra que, para túneis em NATM que usam escavação manual/ mineira, é inevitavelmente necessário revestir o túnel logo após a escavação de cada avanço. “Nesses casos, não há outra alternativa econômica além do concreto projetado”, diz ele. Nos casos dos túneis produzidos com escavação mecanizada (tatuzão), há duas situações possíveis. Se a escavação ocorrer em solo, será necessário revesti-lo com concreto pré-moldado para suporte imediato do maciço. Se a escavação for em rocha, pode ser usado concreto projetado nos casos em que o maciço rochoso apresenta tempo de autossuporte de alguns dias. “Diante de maciço rochoso competente, o concreto projetado costuma ser uma solução mais econômica do que a de segmentos de concreto pré-moldados”, compara o diretor técnico da GeoCompany.
A medição do concreto projetado é feita em metro cúbico por concreto projetado. O concreto deve atender à norma ABNT NBR 14.026/2012 – Concreto Projetado – Especificação que, entre outros itens, determina que a resistência à compressão do concreto projetado deva ser analisada em função de testemunhos extraídos de placas de controle (moldadas concomitantemente à projeção do concreto) ou, quando viável, da própria estrutura. Segundo a norma, devem ser avaliados itens como a espessura da projeção, a presença de fissuras e a infiltração de água, conforme o projeto específico do revestimento.
O valor contratado costuma contemplar: fornecimento e transporte de materiais para usinagem do concreto e até o local de sua aplicação, preparo da superfície, projeção, cura, perdas por reflexão e sobre-escavação, perdas, remoção de concreto perdido por reflexão para o local indicado pela fiscalização, abrangendo inclusive a mão de obra com encargos sociais, BDI e equipamentos necessários aos serviços.
Assim como os custos, a produtividade da execução pode variar muito em função da logística da obra, do equipamento, da experiência e organização da equipe de concreto projetado, e outros fatores. “Normalmente, há um período inicial de aprendizagem, seguido por ajustes do ciclo de concreto projetado, aumentando-se a produtividade até se chegar ao limite de produtividade dos equipamentos”, explica Roberto Kochen.
Controle e fiscalização
O concreto projetado utilizado no revestimento de túneis envolve uma sequência de operações interdependentes. O recebimento e a preparação dos materiais, a verificação da calibragem e do estado dos equipamentos, a experiência e o dimensionamento correto da equipe de execução, bem como o controle da qualidade do produto final precisam ser inspecionados por pessoal qualificado, supervisionado por engenheiro experiente.
O engenheiro Luiz Antônio Naresi Júnior destaca alguns itens que merecem atenção durante a fiscalização dos serviços com essa tecnologia:
– Garantia de execução do projeto executivo;
– Controle da espessura do concreto projetado durante a obra com topografia e sistemas de apoio tipo caranguejos metálicos e taliscas;
– Controle da perda por reflexão, under-breack ou over-breack por áreas previamente cadastradas para que se possa estimar a perda;
– Controle do concreto projetado aplicado na bomba e para determinada área. Isso é importante para assegurar a qualidade do concreto coerente com o solicitado em projeto;
– Controle das notas fiscais e do número de carros betoneira aplicados na bomba e do volume e peso transportados;
– Execução de boletins de controle de aplicação do concreto projetado com demarcação de áreas e do volume aplicado para aquela quantidade;
– Acompanhamento diário da topografia das áreas projetadas, para controle de volumes e espessuras pré-determinadas;
– Extração de corpos de prova especiais a fim de se determinar a real resistência do concreto projetado aplicado (fck).
Fonte e Imagem: Infraestrutura Urbana, PINI