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China testa estradas com painéis solares

A instalação foi feita em uma região de montanhas – o feito tem sido cobiçado pelos países ocidentais há anos

JINAN, CHINA – Em uma tarde tomada por neblina, enormes e barulhentos caminhões transportando madeira e combustíveis trafegavam em uma rodovia e se aglomeravam em uma curva no pé de uma colina. Esse caminho pode exigir uma direção árdua sob qualquer circunstância, mas chama a atenção dos especialistas por um motivo particular: a curva da rodovia é pavimentada com painéis solares.

“Se os equipamentos conseguirem passar por esse teste, poderão se adequar a qualquer condição”, afirmou Li Wu, presidente da Shandon Pavenergy, a empresa que fabricou os painéis solares cobertos de plástico que pavimentam a estrada.

O experimento é o mais recente sinal do desejo da China de dominar o cada vez mais importante mercado de energia renovável. O país já produz três quartos dos painéis solares vendidos no mundo.

O apelo das “estradas solares” – painéis solares modificados instalados no lugar do asfalto – é evidente. Gerar eletricidade a partir das vias, no lugar de campos ou desertos cobertos por painéis solares, poderia preservar muitas terras.

Já que estradas atravessam e circundam as cidades, a eletricidade poderia ser utilizada praticamente ao lado de onde seria gerada. Isso significa que virtualmente nenhuma energia seria perdida na transmissão. E o espaço para isso é essencialmente grátis, porque as estradas são necessárias de qualquer maneira.

As estradas solares poderiam alterar também a experiência de dirigir. Faixas de rodagem com aquecimento elétrico podem derreter a neve que cai sobre elas. Diodos que emitem luz instalados na superfície podem prover sinalização luminosa para direcionar motoristas às saídas e alertá-los sobre construções e outros perigos no trânsito. Construtores de estradas na China querem desenvolver até estradas solares que possam recarregar, sem fio, os carros que trafegam nelas.

Os painéis de estradas solares são feitos de um complexo polímero que consegue suportar muitas toneladas Foto: Giulia Marchi para The New York Times

As empresas líderes no desenvolvimento de estradas solares na China são a Pavenergy e a Qilu Transportation. As companhias estão trabalhando conjuntamente em Jinan, com a Pavenergy fazendo painéis para a Qilu, a grande estatal que opera a rodovia.

A superfície desses painéis, elaborada com um complexo polímero parecido com plástico, apresenta um pouco mais de fricção do que a superfície de uma estrada convencional, de acordo com Zhang Hongchao, professor de engenharia da Universidade Tongji, em Xangai, que auxiliou no desenvolvimento do produto.

A localização da estrada solar aqui, em uma longa curva no pé de uma colina, não foi a primeira escolha da Pavenergy. Ela foi escolhida por causa da proximidade com uma subestação de eletricidade.

A maior competidora ocidental da Pavenergy é a Colas, uma gigante francesa da construção de estradas que desenvolveu 25 estradas e estacionamentos solares experimentais na França, no Canadá, no Japão e nos Estados Unidos. A maior locação solar da Cola, uma estrada secundária na Normandia, tem metade da área de superfície da nova rodovia em Jinan.

Ainda assim, desafios demonstram que a ampla utilização das estradas solares está muito distante.

Painéis solares sobre uma estrada pairam horizontalmente e ficam cobertos intermitentemente pelos veículos, desta maneira, produzem somente cerca de metade da energia do que aqueles que ficam sobre telhados, inclinados na direção do sol. Estradas solares também são mais caras do que as de asfalto.

Custa cerca de US$ 120 por metro quadrado fabricar e fazer reparos a cada década em uma estrada de asfalto. Na comparação, a Pavenergy e a Colas esperam ser capazes de levar o custo de uma estrada solar para entre US$ 310 e US$ 460 por metro quadrado.

Mas os painéis de uma rodovia provavelmente precisariam ser substituídos com menos frequência do que o asfalto, afirmou o professor Zhang. E uma estrada solar pode produzir cerca de US$ 15 ao ano em eletricidade de cada metro quadrado dos painéis solares. Então, poderia praticamente pagar seu próprio custo em 15 anos. É menos evidente, porém, se os painéis seriam capazes de aguentar as pancadas de milhões de pneus todos os anos por mais de uma década – ou mesmo se os equipamentos seriam roubados.

A superfície dos painéis de estradas solares apresenta um pouco mais de fricção do que a superfície de uma estrada convencional Foto: Giulia Marchi para The New York Times

E, nos Estados Unidos, instalar estradas solares é mais complicado. Estradas americanas costumam ser construídas com muito asfalto, mas com menos concreto na fundação do que estradas de outros lugares, afirmou Kara M. Kockelman, professora de engenharia do transporte da Universidade do Texas.

O asfalto se comprime levemente sob o peso dos caminhões. As células solares de silicone azul, componentes que geram eletricidade nos painéis, conseguem suportar muitas toneladas. Mas as células finas quase como papel se quebram quando envergam.

Ainda assim, executivos daqui afirmam que a tecnologia está pronta e que eles não estão preocupados. “Se as condições permitirem”, afirmou Xu Chunfu, presidente da Qilu, “eu gostaria de construir uma estrada solar nos Estados Unidos”, disse.

Fonte e imagens: Estadão Internacional

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