Em visita a Manaus, o presidente Jair Bolsonaro prometeu pavimentar a rodovia BR-319, que liga a cidade a Porto Velho. A obra, que não tem licença ambiental aprovada, é considerada uma das maiores ameaças à Amazônia por estudiosos e ambientalistas.
Inaugurada em 1976, a estrada tem 406 km dos seus 900 km sem asfalto. A conclusão acabaria com o isolamento rodoviário entre Manaus e o restante do país, mas abrira uma área maior do que a Alemanha para a invasão descontrolada de florestas preservadas, segundo o Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia).
“É uma das nossas obras prioritárias”, afirmou Bolsonaro, durante entrevista coletiva nesta quinta-feira (25). Ele prometeu que o início será em meados do ano que vem. Questionado se a pavimentação será concluída até o final do mandato, em 2022, disse: “Acredito que sim.” Bolsonaro voltou a fazer críticas à legislação ambiental e criticou os governos anteriores: “Imagina se eu tivesse comigo o Zequinha Sarney (governo Temer) ou a Marina Silva (governo Lula) como ministro [do Meio Ambiente]? Nunca vocês iam ver essa BR asfaltada.”
O principal motivo para que o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) não emita a licença ambiental é a baixa presença do Estado na região da BR-319, cujo asfaltamento viabilizaria também a abertura de quatro estradas estaduais projetadas.
Diversos estudos têm mostrado que a abertura de rodovias é o principal motor do desmatamento da Amazônia. Um artigo publicado em 2014 na revista acadêmica Biological Conservation calculou que 95% do desmate na região ocorre em até 5,5 km de estradas ou a 1 km de um rio.
Segundo o estudo do Idesam publicado no ano passado, a área de influência da BR-319, quase toda intacta, equivale aos territórios da Alemanha e da Holanda juntos. A ocupação desse parte abriria uma divisão entre os lados ocidental e oriental da Amazônia.
A rodovia hoje é transitável durante a maior parte do ano, mas a viagem se torna imprevisível no período de chuvas devido aos atoleiros. Não são raros relatos de motoristas que demoram até uma semana para cruzar o trecho não pavimentado.
Fonte: Diário Indústria e Comércio